Fitava a janela com olhos de outra
época. Não fazia tanto tempo desde a última vez em que seus olhos encontraram
aquele olhar castanho, mas o tempo é mesmo coisa relativa – parecia que uma
vida toda havia se passado até então.
Os pensamentos diluíam como tinta
num balde d’água – mistura de cores que dançam como véus no infinito
translúcido. O vermelho de um sorriso
daquele dia que ela usava um vestido da mesma cor entrelaçava-se com o verde
das mãos dele numa tarde de Janeiro sem prazo para acabar.