terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Marcela não me representa

Eu prometi. Prometi que deixaria de pegar no pé de Marcela Temer. Fiz a promessa de não mais julgar sua postura virginal saída dos catálogos de propaganda dos anos dourados, aqueles em que as mulheres eram vistas como penduricalhos decorativos e frágeis. Eu prometi. Juro que prometi. Mas aí, veio o “Criança Feliz” e aquele papo de pureza infantil, que, aliás, combina muito com Marcela. Falaram também sobre a importância de cada cidadão desde a gestação, fazendo demonstração clara da postura governamental contrária à legalização do aborto. Caramba! Eu estava me segurando. Eu juro. Até que Marcela se colocou como representante da categoria feminina. Não deu para segurar.

Deixa voar

O calor chegou com tudo. É suor. Dor de cabeça. Falta de concentração. Irritação. Escola pública. Ventilador anos 80. Metal. Zunido infernal. Não há aula que seja agradável em ambiente assim. Moléculas agitadas. Mentes inquietas. Quem é que quer saber sobre Manifesto Antropofágico quando lá fora faz mais de 34°C?
O jeito é sair da sala de aula. Abandonar as carteiras alinhadas. Sentar no chão. Espalhar a quentura em espaço aberto. Falar sobre o contexto histórico do Modernismo em roda. Sem formalidades.
Uns deitaram, outros sentaram-se à maneira que lhes fosse confortável. A aula tornou-se um bate-papo. Conversa gostosa. Sentimos até uma brisa mansa. Relembramos que há outras maneiras de compartilhar saberes. Colocamos em prática a tal da educação não-formal. Foi a única aula do ano em que eu não precisei chamar a atenção da turma uma só vez.
Até quando, professores, vamos insistir em engaiolar nossos alunos?
Já é madrugada e a dor de cabeça continua martelando. Não me dá trégua, desde que inventaram essa mania de ler na tela do computador. Tomei um daqueles remédios efervescentes de gosto amargo, arrisquei a Neosa e até apelei para fórmulas mais potentes. Nenhuma melhora - a visão continua embaçada e a concentração se escondeu por detrás dos pontos luminosos que surgem a cada piscada. Me disseram que era caso de oculista. Deixa para lá. Fica comprovado: alopatia, nesses casos pós-modernos, não está com nada. O maior inimigo do estresse, da insônia ou de qualquer um dos males causados por essa dinâmica e costumes insanos é, ainda, a boa e velha taça de vinho acompanhada daquele combo de 6 horas de música instrumental, sons da natureza e sequências sonoras relaxantes do mundo zen, que está disponível no Youtube.
Eu até tentei deixar a tecnologia de lado, mas, veja bem, ele gosta de perseguir o ser humano. Ou seria o contrário? Deixa pra lá. Vou aproveitar o hiato da dor, entre o começo e o final da garrafa. Logo ela volta.

Ruína da admiração

Hoje vi uma amiga muito querida chorar. Não pelo fim de seu namoro de muitos anos, mas pela ruína da admiração. Um relacionamento, na verdade, nunca acaba no término. Ficam resquícios da perda flutuando no vazio, como a barra daquele vestido de algodão vagabundo que começa a desfiar. Pouco a pouco, fio a fio, deixa o rasgo à mostra. A costura, liga entre este e aquele pedaço de pano, é desfeita, mas nunca de um dia para o outro - leva tempo até desenlaçar-se toda. Resta aquele ardor no estômago, que teima em aparecer minutos antes de dormir.
Felizmente, nós não precisamos sentir orgulho e admiração por todas as pessoas que passam pela nossa vida. É possível escolher quem vai e quem fica.
Afastar-se, em alguns casos, é um ato de coragem. Queria poder pegar essa amiga querida pela mão e mostrar-lhe que é grande o número daqueles que guardam arrependimentos sentimentais. Enxugar-lhe as lágrimas e, como um mantra, dizer: os atos pouco admiráveis do seu ex-namorado não são culpa sua. Ele é responsável pelos próprios erros.
Eu já me envolvi com um cara que, durante o relacionamento, tirava fotos das mulheres de sua turma de faculdade e compartilhava em um grupo de homens. Descobri. Doeu. Quando reclamei, fui tachada de louca. Senti-me culpada. Mulher, quando exige respeito, logo tem sua saúde mental questionada. Mas, aprendi: não sou culpada pelas atitudes miseráveis do outro. E você, fulana, sicrano, aquele ou aquela também devem ter histórias parecidas no currículo.
Quando um relacionamento acaba e você descobre que aquela pessoa não é quem você imaginou ser, não perca noites de sono e não se culpe pelo envolvimento. Não permita, em hipótese alguma, que os atos e ações de alguém que já não faz parte de sua vida diminuam sua felicidade.
Repita, repita e repita:
🌸 Eu não tenho culpa de ter me envolvido com alguém que deixei de admirar. Eu posso deixar de admirar. Não há nenhum problema em reconhecer a falta de admiração. Esse é, aliás, o sinal de que amadureci, revi meus conceitos e, hoje, não aceito menos respeito do que mereço receber 🌸

Bilhete da eternidade

E naquela segunda-feira chuvosa, de céu azul anil, você se foi. Foi o pôr-do-sol de nuvens carregadas mais bonito que eu já vi. O céu fez chover para escoar nossas angústias. E como choveu! Choveu por noventa anos.
Dizem que algumas pessoas, um tempo antes de morrer, afastam-se pouco a pouco. Tornam-se silenciosas, preparando os ouvidos daqueles que as amam. A voz vai ficando falha. Até calar.
Você desabrochou feito flor, vó. Abriu suas pétalas delicadas e voou. Foi cuidar de outros jardins. Semear, adubar e fazer florir o amor em nossos corações. Hoje, nasceu em mim a orquídea da cor do seu olhar.
Mágica na cozinha, deixou sabores. Temperou nossas vidas por noventa anos. Fez nosso paladar conhecer o lado bom da vida. Me ensinou que a cozinha italiana é a melhor do mundo. Minha saudade é só o lembrete de todo amor que compartilhamos.
Descansa, vó. Depois desses noventa anos, descansa. Sossega esses olhos. Cuida do nosso jardim. Continua me ensinando a enxergar a beleza dos outros. Transforma sua presença em cor. Pode ir.
Faço aqui uma promessa: vou continuar te fazendo sorrir. O mesmo sorriso que brotou quando você pegou meu primeiro livro em suas mãos já tão cansadas.
Vai, vó, mostra para o Universo a força das mulheres dessa família. Conta para os quatro cantos do mundo o quanto somos fortes. Eu fico, para continuar o que começamos juntas.
Ah! Como eu amei e amo você! Vá e leve minha gratidão por me ensinar a sentir assim.

Para meus alunos e alunas, - as palavras que eu gostaria de ter ouvido de meus professores quando prestei o ENEM e demais vestibulares pela primeira vez

Você pode falhar. Não tem nada de errado em falhar. Eu juro. Prometo que seu futuro é muito maior que qualquer prova de questões múltipla escolha. Confia em mim e, principalmente, em você.
Falta uma semana para o ENEM 2016. Nos dias 5 e 6 de novembro, milhões de brasileiros estarão confinados em uma sala quente qualquer. Hoje, uma aluna surtou. Rasgou o simulado. Chorou. Chutou a carteira. Não conseguiu acertar o número de questões que a fizeram acreditar ser aceitável. Não deu tempo. Cada tic-tac do relógio massacra a autoestima. Fora da sala, conversamos. Ela me disse que nunca havia acertado mais que 60% de qualquer prova. Os pais reafirmam que esperavam mais a cada resultado. Alguns professores dizem que é preguiça de estudar, outros já a colocaram no grupo dos casos perdidos. Essa aí não esbanja inteligência. Torcem para que escolha um curso com baixa nota de corte para contabilizar a aprovação nas estatísticas da escola.

No sábado, fiz cabelo, maquiagem e coloquei salto alto

No sábado, fiz cabelo, maquiagem e coloquei salto alto. Vesti decote e usei brincão. Coisas nada usuais. Quando finalizei a produção, soltei uma interjeição. Surpresa. Olhei no espelho e não me encontrei. Há tempos não destinava tanta energia para o externo. Aparência nunca foi meu forte. Exagerei no delineador e no batom para me sentir empoderada. Cresci alguns centímetros e enfrentei o chão irregular, segurando com toda força na minha autoestima, nem tão alta assim.
Já na festa, o espelho era outro e a sensação, a mesma. Não me encontrei. Logo tirei o salto, os cachos foram desfazendo, batom borrou e eu, com toda minha delicadeza, amarrei a barra do vestido para poder dançar melhor. Nesse momento, não sei se foram as luzes ou o som alto, estagnei e olhei ao redor. Pensei: como é que pode todas aquelas meninas estarem impecáveis às três da manhã? Sinto a mesma sensação na academia, quando percebo que, enquanto estou em um estado deplorável, as outras mulheres não suaram uma gota sequer. Não sei se danço demais, ou elas dançam de menos.

Tranças, penteados e a beleza dos aprenderes

Conheci a Jheniffer em uma das primeiras visitas ao Jardim Nicéia, um bairro da periferia de Bauru, durante o desenvolvimento do projeto de incentivo à leitura infantil (https://goo.gl/hUxTTw).
Nas primeiras rodas de leitura, ela mostrou-se uma criança de poucas palavras. Participou da atividade com a timidez típica dos desinteressados. Folheou os livros de forma apática. Quando questionei se ela já aprendera a ler, não fez que sim, nem que não. Desviou o olhar. Nessas idas e vindas ao bairro, ganhei sua amizade, que, quando acontece entre pessoas com grande diferença de idade, torna-se sinônimo de confiança.
Na última visita, era Dia das Crianças. Todos estavam agitados diante da sacola de doces e de toda a programação especial. Não deu para fazer a roda, ler em conjunto e contar histórias, então, sentei-me no banco e fiquei observando aquela alegria que teima em brotar dos sorrisos infantis. A mesma que, quando crescemos, perdemos o jeito e esquecemos como é que se faz. Para adultos, sorrir é, na maioria das vezes, difícil demais.
Jheniffer se aproximou e pediu para que eu lesse uma história. Fizemos um trato: eu leria, mas ela teria que me ajudar.

Alecrim e Manjericão

Morar em apartamento é dividir uma vida com tantas outras e, ainda assim, permanecer só. Para os italianos, a palavra appartamento, que é quase homógrafa a nossa, vem de appartare, que, na tradução, significa separar, colocar de lado. No meu edifício, são quatro números por andar. Duas portas coladas de um lado, outras duas do outro. Tão coladas que, de início, confundia-me as fechaduras. Faz 8 meses que me instalei naqueles poucos metros quadrados e, desde então, fiz pouco contato com vizinhos. Quase nenhum. Meus horários, sempre tão caóticos, fazem-me abrir e fechar a porta quando o silêncio já se aconchegou em cada sofá daqueles aposentos, acariciando os cocurutos cansados da rotina. Morar em apartamento é oportunidade de fazer as pazes com a solidão que, contraditoriamente, torna-se fiel e, constantemente, única companheira dos nossos dias - está sempre ali, fazendo lembrar que apenas alguns tijolos nos separam da vida ao lado, mas, apesar da proximidade, não há, naquele espaço, nenhuma voz para fazer par no diálogo.
Eu não sou de apartamentos. De silêncios. De appartare. A vida e suas circunstâncias é que me obrigam a aceitar um universo apartado e empilhado sobre outros. Enquanto não posso caminhar em chão de terra batida, o jeito é amenizar o exílio da natureza. Convidar cores, cheiros, temperos e vidas a entrarem porta adentro. Dizer-lhes que são bem-vindos, os novos hóspedes.
No feriado, recebi visita permanente de dois caras verdes vistosos, o manjericão e o alecrim, que me permitem, ao fechar os olhos, imaginar campo aberto e tempo fresco. O manjericão traz um pouco da Itália dos meus avós. O alecrim purifica meu ar, lembrando-me de que há, naquele aroma, algo ou alguém para me acompanhar.
Plantas, ervas e flores são o conforto que o coração precisa quando me dou conta que, naquela ambiente, sou a moça do 34, ele é fulano do 35 e, na frente, mora a senhora do 36. O remédio para a frieza dos números é a vida em suas incontáveis formas.
Para quem mora em apartamento, qualquer célula viva é um respiro no sufoco que a ausência traz.

"Amém" é vocábulo de muitos significados

Depois que perdi minha avó, passei a observar a relação entre outros netos, netas, avós e avôs com mais frequência e atenção, talvez como forma de amenizar a saudade. Vez em quando, vejo alguém mais jovem acompanhado de cabelos tão branquinhos. Olhos desinteressados. Celulares nas mãos. Esbravejando que estão atrasados. Sinto vontade de me aproximar e, de forma clichê e piegas, implorar para que aproveitem cada segundo. Dizer-lhes que o tempo escorre pelas mãos.
A presença só precisa do amanhã para virar passado.
Em uma mesa bistrô, o neto e sua avó. A garçonete traz o café de um e a jarra de suco do outro. A senhora agradece.

"Deus lhe abençoe."
O menino ri.


"Deus não existe, vó, caramba, já cansei de repetir isso."

Ela dá um sorriso sem graça, trêmulo e abaixa os olhos. Ele termina o suco e levanta-se. Diz que vai na frente. Deixa-a terminando o café sozinha na mesa estilo bistrô.

"Vai com Deus, meu filho"

"Que Deus, vó? Isso já está ficando chato."

Ela sorri com os olhos, como quem não se importa em engolir sapos para evitar conflitos. Os anos a ensinaram que nem só de flores são feitas as relações humanas. Resta-lhe tão pouco. Ela sabe. Não é justo contaminar seus preciosos minutos com o ácido das brigas.
Ele segue, ela fica. Logo, ordem inversa.
Eu não acredito neste Deus religioso e caricato. Não segui a religião que minha avó tanto queria e nunca repeti as orações que ela me ensinara quando criança. Ela nunca soube. 
Escolhi continuar dizendo "Amém" ao final de cada ligação e a cada despedida. Inclusive, na última. 
Quando aprofundei-me na problemática da religião e da fé, ela já estava no alto de seus oitenta anos. Oito décadas de devoção ao catolicismo e ao Deus que não me conquistou. Não havia mais tempo para discutir crenças. Só para sentir.


"Vai com Deus, fia", ela dizia.
"Amém, vó", eu respondia.
"Vou fazer uma novena para dar tudo certo." 


"Peço a Deus todos os dias", ela repetia. E eu acreditava. Não no sobrenatural, mas no amor. Acreditava tanto que fiz das palavras dela meu amuleto.
Quis com tanta força dizer para aquele neto que, em alguns momentos da vida, é preciso ceder, mas ele tinha pressa de viver. Correu para longe a passos largos. É essa urgência a responsável pelo distanciamento daqueles que já não acompanham nosso ritmo.
Eu não acredito neste Deus religioso e caricato, mas daria tudo para responder, de novo, "amém". Existem, pois, muitas formas de demonstrar amor. Algumas, mais metafísicas do que outras. 
Para mim, aquele Deus da minha avó não fez efeito. Apesar disso, ela me deu amor em forma de oração e, em troca, respeitei sua fé.


"Amém" é vocábulo de muitos significados e também pode ser sinônimo de "Amo e respeito você". As palavras, em suas diversas formas, têm poder de inflar ou murchar o existir do outro.
Crenças e ideologias à parte, chega o dia em que é preciso baixar a guarda para agradar o coração de quem te ama.

Lucíola

Lucíola, de José de Alencar, foi publicado em 1862. Conta uma história da década de 50 do século passado. Paulo conheceu Lúcia na Festa da Glória, despretensiosamente. Lúcia era cortesã de luxo, a prostituta mais cobiçada do Rio de Janeiro. Paulo, de acordo com Alencar, um jovem ingênuo, considerado o caminho da redenção de Lúcia. Em um dos encontros, Lúcia que, mais tarde, admitiu ser Maria da Glória, engravidou. Adoeceu por acreditar que seu corpo era sujo e morto, indigno da criança, consequência do preconceito moral e social que sofrera ao longo dos anos. 
Lúcia sofreu um aborto e, ante a recusa de tomar remédio para expelir o feto sem vida, faleceu de infecção. O aborto foi o castigo de Lúcia por ser mulher livre. Culpava-se. Culpavam-na. A morte, consequência metafórica de suas escolhas. 
José de Alencar matou sua cortesã e fez de Paulo um herói, que, desconsolado, recebeu apoio social pela perda do amor de sua vida. A história de Lúcia, suas batalhas para manter viva a família, que sofria de febre amarela, tornaram-se detalhes insignificantes da obra.

A história é da década de 50 do século passado. Hoje, centenas, milhares, milhões de Lúcias por ano. Morrendo como castigo. Abandonadas por suas escolhas. O pai, ainda herói. A bagagem de vida da mulher, sempre irrelevante.
Na ficção da primeira geração do Romantismo, Lúcia e Iracema ganharam desfechos trágicos. Na vida real, mais de um século depois, continuamos a tragédia. Matamos clandestinamente neste Brasil - ainda - idealizado.
No país romântico e machista de José de Alencar, a mulher não tem escolha.

1604


Nos meus primeiros anos em Bauru, morei naquele edifício. O mais alto da região. Décimo sexto andar. Um amontoado de lembranças que arranha-o-céu. Nas madrugadas em claro, olhava pela janela do quarto, aquela moldura metálica, em direção à sacada de onde escrevo essa nota melancólica de sexta à noite. Encarava-a como quem gostaria de ser no tempo depois deste. Enquanto amaldiçoava os ponteiros do relógio, que teimavam em atrasar o final de semana, imaginava o que se fazia dentro deste apartamento de azulejos azuis e luzes sempre tão acesas. 
Hoje, a luz do décimo sexto (re)acendeu, depois de tanto tempo. Tornou-se morada de nova vida. O único ponto luminoso sob as nuvens carregadas de saudade. E desta sacada que guarda eu que quisera ser, meu olhar encontra uma silhueta feminina na janela, fitando o infinito fim de tarde. Uma união do que sou com o que costumava ser. Daqui, penso: s(era) feliz a menina do 1604?

Quem foi minha mãe antes de mim?

Hoje é aniversário da minha mãe. Brigamos no domingo. Íamos ao cinema. Comemoraríamos a terça-feira noutro dia. Fiz uma lista de falhas maternas. Discursei sobre minhas expectativas não correspondidas. Não fomos. O filme foi exibido sem nossa presença. O meu domingo terminou sem ela. 
Enquanto dirigia de volta para Bauru, o temporal me fez desacelerar e colar as mãos no volante, tentando domar aquela pista encharcada. Diante de tudo o que havia dito, fiquei surpresa com o quanto ser mãe é também sinal de peso e dor. Para os filhos e para a sociedade, mãe é uma entidade feito fortaleza, daquelas muradas por grandes e inquebráveis blocos de concreto. Barreira que nos protege de todos os males e aguenta a ressaca do mundo. Mãe não tem folga e nem direito de ruir. Eu não daria conta, pensei. Ainda que tivesse 24 anos de experiência materna, como ela tem, falharia.